Como Está Escrito
Atos 13 é o texto mais claro que estabelece a conexão entre a ressurreição de Jesus e o hoje do Salmo 2. Ali, Paulo prega as boas novas do evangelho, a partir das Escrituras do Antigo Testamento, a judeus incrédulos. Ele declara que Deus ressuscitou Jesus dos mortos como cumprimento da promessa aos pais. Qual texto ele seleciona para provar isso?
Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo:
Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. (Atos 12.32–33)
O sermão de Paulo deve nos fazer pensar um pouco. Como o salmista poderia declarar que existe um dia (“hoje”) em que Jesus seria declarado o Filho de Deus (“Tu és meu Filho”)? O eterno Filho de Deus nunca teve início; nunca houve um momento em que ele de repente veio a existir, ou que Deus Pai o declarasse seu Filho. Este texto, entretanto, parece dizer que existe um momento em que Deus Pai realizou uma declaração de paternidade.
Declarado Rei
No início de Romanos, Paulo explica as boas novas do Filho de Deus (Romanos 1.1–3). Ele destaca a grandeza do Filho de Deus a partir de dois ângulos diferentes — sua vida terrena (como descendente de Davi segundo a carne) e sua vida ressurreta: [Ele] foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor. (Romanos 1.4)
Quando o eterno Filho de Deus foi designado Filho de Deus com poder?
A resposta é: “pela ressurreição dos mortos”. Esta declaração é um momento de entronização, pois ele é o “Filho de Deus com poder”. Esta expressão, “em poder”, se relaciona com a primeira expressão, “da descendência de Davi”. Ele cumpre a promessa do majestoso Filho de Davi que governaria em Jerusalém em seu trono de poder. O momento do cumprimento é a sua ressurreição.
Um Conto de Dois Tronos
Esta realidade do Novo Testamento, da entronização do Filho de Deus, resolve uma tensão perturbadora no Antigo Testamento. Deus é Rei — os céus são o lugar de sua habitação. Mas ele também disse que o templo em Jerusalém seria o lugar de sua habitação. E ali também havia um trino — um rei humano, descendente de Davi, sentaria naquele trono. Os reis de Israel muitas vezes se rebelaram contra o governo de Deus. Portanto, o Rei do universo frequentemente teve de julgar o rei de Israel. Como e quando estes dois tronos seriam unificados e reinariam como um só?
A resposta: na ressurreição e na ascensão de Jesus. Jesus ocupou seu lugar no trono prometido do Filho de Davi. Onde está este trono? O Davi terreno tinha um trono na Jerusalém terrena, mas o grande Filho de Davi possui um trono na Jerusalém celestial. Uma vez que Jesus ressuscitou e não pode morrer, o trono celestial está ocupado para sempre (Hebreus 1.1–5).
Aviso Prévio
Qual é a lição da Páscoa para nós no Salmo 2? As nações precisam urgentemente ouvir o decreto celestial: Jesus ressuscitou. O Salmo 2 convoca todas as nações e seus governantes a deixar sua fúria (Salmos 2.1–3) e começar a se arrepender (Salmos 2.10–12). Por quê? Deus estabeleceu seu rei ressurreto no trono do universo.
A ressurreição é o aviso prévio do julgamento iminente. O Rei foi ressuscitado. A rebelião fracassou. A ressurreição muda tudo. Uma vez que o Filho ressuscitou dos mortos, a história agora corre para o julgamento, como um trem-bala a todo vapor.
Paulo faz a mesma afirmação em Atos 17. A ressurreição aconteceu. Os “tempos da ignorância” acabaram, e o tempo do arrependimento chegou:
Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos. (Atos 17.30–31)
A ressurreição, dentre outras coisas, é a certeza de que Deus está falando sério.
O julgamento é iminente. Que todos os povos estejam avisados. E que aqueles que se curvaram ao Filho “se alegrem nele com tremor”, pois “bem-aventurados são os que nele se refugiam” (Salmos 2.11–12).